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Arquitetos: Pavol Pokorny | Pokorny architekti
- Área: 114 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Matej Hakár

Descrição enviada pela equipe de projeto. O desenvolvimento do turismo no Vale Demänovská (Liptov, Baixa Tatras) está intimamente ligado ao ano de 1924, quando o primeiro trecho da Caverna da Liberdade de Demänovská, descoberta em agosto de 1921, foi aberto ao público. Um século depois, em parceria com o cliente, iniciamos o projeto arquitetônico de uma nova residência. Após dois anos de trabalho e inúmeras versões, chegamos à sua forma final — um processo que, hoje, mostra-se como um investimento valioso de tempo.


A Residência Demänovská reflete a evolução histórica da tipologia da “cabana de montanha”. O que antes era apenas um abrigo contra as intempéries e um lugar para dormir transformou-se em um refúgio complexo e sofisticado. Aqui, “refúgio” significa um santuário diante do ruído da civilização e um espaço de reconexão espiritual consigo mesmo. Enquanto uma cabana de montanha serve como ponto final de uma caminhada, restaurando as forças físicas, a Residência Demänovská atua como um marco fixo na paisagem mental de seus habitantes, proporcionando renovação da mente.

Localizado em meio a uma floresta madura, às margens do riacho Demänovka, o terreno abrigava originalmente uma cabana de madeira dos anos 1980, já em fim de vida útil e funcional. A decisão de substituí-la por uma nova construção sobre a mesma base foi guiada pelo respeito ao genius loci, pela infraestrutura preservada e pela oportunidade de empregar a construção em madeira pré-fabricada — uma solução que permitiu integrar o edifício ao ambiente natural de forma sensível e não invasiva.

A organização espacial da residência responde diretamente ao entorno, marcado pelo curso do riacho e pelas árvores altas que o envolvem. As qualidades visuais e ambientais do local tornaram-se o principal determinante do projeto. O volume da casa, concebido como um prisma discretamente inserido entre as árvores, se estende paralelo ao curso d’água, de modo que a presença constante e mutável do riacho se torna o elemento panorâmico central do espaço de convivência no térreo, emoldurado por amplos painéis de vidro sem caixilhos. O mesmo princípio de conexão visual e sonora com a água orienta os três dormitórios do pavimento superior, cada um deles com banheiro privativo.


O terraço na cobertura, com hidromassagem, foi pensado como uma “paisagem invertida”: as coberturas inclinadas dos dormitórios formam áreas de descanso protegidas. Essa topografia negativa garante máxima privacidade, apesar da proximidade visual das cabanas vizinhas, ao mesmo tempo em que abre vistas verticais infinitas para o céu, emolduradas pelas copas das árvores.

No exterior, a residência é revestida com madeira tratada pela técnica japonesa tradicional de Yakisugi. O processo de carbonização controlada aumenta a durabilidade contra intempéries e agentes biológicos, melhora a resistência ao fogo e, com seu acabamento preto fosco profundo, confere ao projeto um caráter marcante e inconfundível.

O interior é definido pelo uso extensivo de lâminas de madeira nas paredes e tetos, complementado por pisos de microcimento nas áreas sociais e banheiros. O conforto surge de uma paleta contida de mobiliário, que privilegia a atmosfera em vez do excesso.























